Foto: Arquivo Pessoal
Por Adriana Magalhães
27/11/2024 08h53
Atualizada às 10h40
Um menino de dois anos identificado como Arthur Luís Alves do Nascimento morreu eletrocutado, na noite desta terça-feira (26), supostamente, após receber uma descarga elétrica em uma placa luminosa de uma revenda de gás de cozinha na Vila Wall Ferraz, na zona Sul de Teresina. O velório está sendo nesta quarta-feira (27) na casa do avô da criança, no bairro Promorar. Com muito comoção, abalada, a família pede por Justiça e critica a falta de apoio da empresa.
O Cidadeverde.com procurou a administração da revenda de gás de cozinha, mas até a publicação desta matéria não recebemos resposta. O espaço segue aberto para esclarecimentos.
As testemunhas explicaram à equipe do 22º Batalhão da Polícia Militar (BPM), que atendeu à ocorrência, que no momento que a criança recebeu a descarga ela brincava na calçada na companhia de outras crianças. Ainda segundo as testemunhas, os fios no local estariam expostos há cerca de 15 dias.
A criança chegou a ser socorrida pela mãe e por um vizinho, em uma motocicleta, e levada para a Unidade de Pronto Atendimento do bairro Promorar, onde teve oito paradas cardíacas antes de falecer.
Velório ocorre com muita comoção e revolta
O velório está sendo realizado na casa do avô de Arthur, no Promorar, porque a família não quis se despedir da criança no local onde ele morreu.
A mãe, inconsolável, permaneceu sentada de costas para o caixão, sem forças para olhar para o corpo do filho. O irmão mais velho estava debruçado sobre o caixão, visivelmente abalado. Ele também sofreu uma descarga elétrica ao tentar salvar o pequeno Arthur.
Foto: Adriana Magalhães/Cidadeverde.com
Local onde ocorre o velório
A mãe Aline Walesca Alves Aragão relembrou o momento em que tudo aconteceu: “Ele só foi se sentar no chão e acabou tocando na placa. Eu gritei com meu filho nos braços, e eles não me ajudaram”, lamentou Aline, entre lágrimas.
A família, aos prantos, clama por justiça.
As duas bisavós de Arthur moram na mesma rua onde tudo aconteceu. Todos os fins de tarde, a mãe, Aline Walesca Alves Aragão, junto com Arthur, de 2 anos, e seu irmão de 12 anos, costumam visitar uma das bisavós, que vive a cerca de 50 metros da revenda de gás. Na rua, é comum as famílias se reunirem na porta de casa para conversar, enquanto as crianças brincam.
Antes de se juntar aos amiguinhos, Arthur pediu a bênção da bisavó e caminhou até a calçada da revenda de gás, onde estavam outras crianças.
“Ele disse: ‘Bênção, minha bi’ e saiu correndo para encontrar os amiguinhos. Foi a última coisa que ele disse. Depois só ouvimos os gritos desesperados da minha sobrinha. Ninguém da empresa ajudou. Um rapaz aqui da vizinhança levou minha sobrinha, de moto, com a criança nos braços”, relatou a tia-avó, Elisiane Alves.
Erisvaldo Alves e Elisiane Alves, irmãos da avós da criança, com o chinelo que o pequeno Arthur usava quando recebeu a descarga elétrica
A família reclama que não recebeu nenhum tipo de apoio da empresa.
“Para eles, quem morreu foi um cachorro. Não ajudaram, minha sobrinha foi quem ajudou a socorrer ele e eles estão trabalhando como se nada tivesse acontecido, porque o que importa é o dinheiro”, desabafou Elisiane.
A bisavó de Arthur, de 82 anos, está muito abalada com a morte do bisneto e não conseguiu conversar com nossa equipe.
Vizinho apontam descanso da empresa
O Cidadeverde.com apurou que os refletores que iluminavam a placa foram retirados há cerca de um mês, e os fios podem ter ficado sem isolamento.
“Roubaram os refletores que iluminavam a placa, e ninguém nunca arrumou os fios que ficaram lá expostos”, relatou uma vizinha.
Foto: Adriana Magalhães / Cidadeverde.com
Vídeos feitos pelos moradores mostram trabalhadores realizando reparos na placa na manhã de hoje.
O tio-avô do menino afirmou que, enquanto a criança lutava pela vida na UPA, um trabalhador da empresa passou fita isolante nos fios expostos.
“Se a mãe não estivesse lá, do lado deles, ela teria perdido os dois filhos, porque o mais velho também levou um choque ao tentar salvar o irmão”, relatou.
Outras quatro crianças estavam na calçada no momento em que Arthur sofreu a descarga elétrica.
Fonte: Cidade Verde.Com