Por unanimidade, STF torna Moro réu por calúnia contra ministro

Foto: Reuters/Adriano Machado; Carlos Moura/SCO/STF

Ministros acompanharam voto da relatora, Cármen Lúcia, que acatou denúncia da PGR. Moro é acusado de calúnia após um vídeo em que ele fala em ‘comprar habeas corpus’ de Gilmar Mendes viralizar

 Por Márcio Falcão, TV Globo

04/06/2024 15h40  Atualizado há 4 horas

Por unanimidade, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta terça-feira (4) tornar réu o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) por calúnia contra o ministro Gilmar Mendes, do STF.

Moro foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF pelo crime de calúnia, após um vídeo viralizar mostrando o senador em um evento social e falando em “comprar um habeas corpus” do magistrado.

Relatora, a ministra Cármen Lúcia entendeu que há elementos para a abertura de uma ação penal contra o senador. Os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Alexandre de Moraes seguiram o voto da relatora.

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Primeira Turma do STF torna Moro réu por calúnia contra ministro

“Nessa fase do procedimento, na denúncia se demonstrou suficientemente a falsa imputação pelo denunciado de fato definido como crime a ministro deste Supremo Tribunal, tipificando o delito previsto no artigo 138 do Código Penal”, afirmou Cármen Lúcia.

A relatora disse ainda que mesmo uma brincadeira não permite ofensa à honra de uma pessoa.

O ministro Flávio Dino lembrou que Mendes votou diversas vezes contra decisões de Moro e que há uma diferença entre dizer que um juiz é burro e que um magistrado vende e trai a toga.

Dino afirmou que a retratação feita pelo senador não foi total. “Examinei a retratação, que deveria ser cabal, e não identifique isso nos autos. A soma disso me leva a considerar que há suporte empírico para que a peça atende aos requisitos do Código Penal”, disse.

Agora, Moro vai responder a uma ação penal, quando os ministros vão decidir se ele será absolvido ou condenado, após a apresentação das provas. A PGR pediu a perda do mandato do senador. O crime de calúnia é punido com seis meses a dois anos de prisão.

A defesa de Moro pediu a rejeição da denúncia da PGR alegando que os fatos analisados não constituem crime. Para os advogados, os fatos imputados pela PGR não correspondem ao que ocorreu e são fruto de edição equivocada e maldosa.

Denúncia da PGR

A Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia por calúnia contra o senador Sergio Moro em abril do ano passado, por conta da fala contra Gilmar Mendes.

No texto, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, pede a condenação de Moro citando como agravantes que o suposto crime ocorreu contra funcionário público, na presença de várias pessoas e contra pessoa com mais de 60 anos.

Segundo a PGR, Moro atribuiu falsamente a prática do crime de corrupção passiva a Gilmar Mendes com a intenção de macular a imagem e a honra do ministro, tentando descredibilizar sua atuação.

Lindôra defende ainda que Sergio Moro “não se retratou” após as declarações que ofenderam e imputaram falsamente fatos criminosos ao ministro da Corte.

Fonte: g1

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