Foto: Reprodução TV Globo
Soldado Luan Felipe Alves Pereira será levado a presídio. Inquérito aponta lesão corporal e violência arbitrária, crimes previstos no Código Penal Militar.
Por Lucas Jozino, Isabela Leite, TV Globo e GloboNews — São Paulo
05/12/2024 09h12 Atualizado há 8 minutos
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PM que arremessou jovem de ponte em SP é preso
A Justiça Militar decretou nesta quinta-feira (5) a prisão do policial Luan Felipe Alves Pereira, apontado como o responsável por jogar um homem de uma ponte na Zona Sul de São Paulo, no último domingo (1°).
O soldado da PM já estava detido na Corregedoria da Polícia Militar, onde prestou depoimento sobre a sua conduta. Segundo informações do inquérito militar, ele disse que pretendia jogar o homem no chão. As imagens gravadas por uma testemunha mostram o momento em que ele ergue e atira o homem da ponte (veja mais abaixo).
Com a prisão decretada, Luan Felipe será encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo.
O inquérito aponta os possíveis crimes de lesão corporal e violência arbitrária, previstos no Código Penal Militar. A reportagem tenta contato com a defesa do PM.
Nesta quinta-feira (5), com a repercussão desse e de outros casos recentes de violência policial em SP, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse que mudou de ideia e passou a defender o uso de câmeras corporais nas fardas dos policiais militares. Segundo ele, essa é uma medida que protege os cidadãos e os policiais. O governador afirmou que vai ampliar o programa de câmeras.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Tinha visão equivocada, fruto da experiência pretérita que tive. Não tem nada a ver com a questão da segurança pública. Hoje estou completamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas manter, mas ampliar o programa. E tentar trazer o que tem de melhor em termos de tecnologia.”
O governador disse ainda que “é hora de ter humildade”, porque “alguma coisa não está funcionando”.
Tarcísio afirmou que os abusos da polícia não serão tolerados. “O discurso de segurança jurídica que a gente precisa dar para os agentes de segurança combaterem o crime de forma firme não pode ser confundido com salvo conduto para fazer qualquer coisa e descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar.”
Cenas chocantes
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https://g1.globo.com/bom-dia-brasil/video/pm-joga-homem-de-ponte-apos-abordagem-em-sp-13152557.ghtml
PM joga homem de ponte após abordagem em SP
O caso do homem atirado da ponte aconteceu na Vila Clara, região de Cidade Ademar, durante a dispersão de um baile funk.
O soldado foi filmado lançando o rapaz da ponte sem nenhum motivo ou resistência aparente.
A vítima se chama Marcelo, tem 25 anos e é entregador. Ele caiu de cabeça de uma altura de três metros, teve ferimentos, mas passa bem. Marcelo recebeu ajuda de pessoas que moram na região.
O pai dele falou ao Jornal Nacional, criticou a conduta do PM e cobrou explicações das autoridades.
“É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da população, não fazer o que fez. Trabalhador, menino que sempre correu atrás do que é dele. Não tem envolvimento, passagem [pela polícia], não tem nada. Queria a explicação desse policial e o porquê ele fez isso”, afirmou.
A Corregedoria da PM determinou o afastamento de treze policiais que participaram da operação na Vila Clara. O Ministério Público abriu uma investigação.
Na quarta (4), quando foi questionado sobre a gestão de seu secretário de Segurança Pública, Tarcísio de Freitas defendeu Guilherme Derrite: “Olha os números que você vai ver que está [fazendo um bom trabalho]”, disse o governador. Diante da insistência dos jornalistas, repetiu: “Olha as estatísticas”. Tarcísio não explicou, porém, quais seriam esses dados.
O secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL), atrás do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). — Foto: Rogério Cassimiro/Secom/GESP
Histórico do PM
O soldado da Polícia Militar que arremessou o entregador já foi indiciado por homicídio por matar um homem com 12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo, no ano passado.
Segundo a TV Globo apurou, o caso foi arquivado em janeiro porque o Ministério Público entendeu que houve legítima defesa. O juiz, então, aceitou o pedido.
Luan trabalha na Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de Polícia de Diadema.
Pedido de prisão
O pedido de prisão de Luan tem seis páginas e foi assinado pelo capitão Manoel Flavio de Carvalho Barros, encarregado do inquérito. No documento, o oficial narra o início da ocorrência, com a perseguição a motociclistas. Em seguida, destaca cinco fotos feitas a partir de câmeras de segurança, que mostram a parte final da ação, quando o homem é jogado da ponte.
O encarregado do inquérito diz que, ao ser questionado sobre a cena, o soldado se reconhece e diz que “a projeção seria realizada ao solo”, ou seja, que o objetivo era jogar o homem no chão.
No parágrafo seguinte, o responsável pelo inquérito se dirige diretamente ao juiz: “Excelência, não há como acolher as declarações apresentadas pelo investigado, pois as imagens largamente difundidas e materializadas no presente feito demonstram conduta errante e inaceitável a quem deveria proteger a integridade de outrem e fazer cumprir a lei”.
Fonte: TV Globo e Globo News