Acusando Bolsonaro de traição, caminhoneiros prometem paralisação nesta segunda

(Foto:Michael Melo/Metrópoles)

Profissionais das estradas estão divididos entre entidades que apoiam o presidente e outros organizados em entidades de oposição

Caminhoneiros de todo país marcaram uma paralisação para esta segunda-feira (1/2). O objetivo é forçar o governo a reduzir o preço do combustível.

gota d’água para a greve ocorreu há uma semana, quando a Petrobras anunciou um reajuste de quase 4,5% no preço do diesel, elevando o valor do litro para R$ 2,12. A partir daí, o movimento ganhou corpo, apesar da resistência de associações e federações que ainda estão alinhadas ao Palácio do Planalto.

insatisfação com o presidente Jair Bolsonaro também aflorou, ao qual muitos o acusam de traição. No campo das entidades represenstativas, há divisão.

Conselho Nacional dos Transportadores Rodoviários de Cargas (CNTRC), por exemplo, apoia o movimento, assim como a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte e Logística, filiada à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Sindicato das Indústrias de Petróleo.

(Foto:Divulgação/Agência Brasil)

Já a Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Autônomos (Abrava) e a Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos (CNTA) reforçaram durante o fim de semana a posição de não participar do movimento e argumentam que o momento é inoportuno devido à pandemia do coronavírus.

“Traição”

No domingo, um áudio compartilhado em grupos de caminhoneiros inflamou ainda mais os grevistas. Para o presidente da Associação Brasileira de Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, a divulgação dificultou o trabalho de convencimento dos demais membros da categoria.

No áudio, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, conversa com um caminhoneiro da cidade gaúcha de Capão da Canoa e descarta negociação com grevistas. Outros trechos são apontados por caminhoneiros como deboche. Eles reclamam que o ministro teria dito que eles precisam “desmamar” do governo e começar a “pensar como empresários”.

A ABCam foi uma das líderes do movimento ocorrido em 2018, ainda no governo de Michel Temer e que durou 11 dias, causando inúmeros transtornos nas principais cidades brasileiras. Atualmente, a entidade trabalha contra a greve, mas disse que o movimento saiu do controle no fim de semana.

“A gente está fazendo de tudo para que esse movimento não aconteça porque não é o momento para gerar ainda mais caos. Aí ele (ministro) vai lá e faz esse papel que foi pior que o presidente da República. Esse áudio está viralizado no meio dos caminhoneiros e pode reverter todo trabalho que estávamos fazendo”, destacou.

“Os que estão quietinhos em casa vão entender que o governo Bolsonaro traiu todo mundo. De todas as promessas de campanha dele, não cumpriu nenhuma”, observou Fonseca

(Foto:Michael Melo/Metrópoles)
Pauta

Na pauta de reivindicações, além da redução de impostos para derivados de petróleo e para itens de manutenção, os caminhoneiros pedem fiscalização e cumprimento da tabela de piso mínimo do frete rodoviário e gratuidade dos pedágios.

A equipe econômica chegou a sentar com entidades que não apoiam o movimento e que trabalhavam para que a greve não ocorresse e a colocar alternativas como a de limitar a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de carros com valor mais alto, como os SUVs, para pessoas com deficiência e acabar com renúncias tributárias para o setor petroquímico.

As duas medidas teriam como objetivo garantir receita de R$ 2 bilhões aos cofres públicos e compensar a perda na arrecadação com eventual redução do PIS/Cofins sobre o diesel, como forma de atenuar efeitos do aumento no preço do combustível.

(Foto: Michael Melo/Metrópoles)
Decisões judiciais

Ao longo do fim de semana, várias decisões judiciais contra os bloqueios em rodovias foram obtidas por concessionárias. No domingo, duas liminares proibiram o bloqueio de trechos das rodovias BR-376 e BR-116 no Paraná. As decisões, da 5º Vara Federal de Curitiba e da 3ª Vara Cível de Curitiba, atendem a pedidos da concessionária Arteris, que administra os trechos.

Em São Paulo, a Justiça proibiu a realização de manifestações públicas de caminhoneiros nas rodovias Régis Bittencourt e Presidente Dutra. Foram duas decisões da comarca da cidade de Santa Isabel, na região metropolitana, e da cidade de Registro, no interior do estado, acolhendo pedidos das concessionárias que administram as duas rodovias.

No Rio, a Justiça Federal proibiu bloqueios na BR-101. Eles estão impedidos de obstruir, mesmo que parcialmente a rodovia e de praticar atos que prejudiquem o tráfego de veículos na via.

Fonte: LUCIANA LIMA/Metrópoles

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