(Créditos:Carl de Souza/AFP)
Denúncia feita ao STJ envolve outras nove pessoas, e relata participação do governador do Rio em loteamento de recursos públicos, com recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro no escritório de Helena Witzel
O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta segunda-feira (14/9) que ofereceu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) nova denúncia contra o governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por organização criminosa. Também foram denunciados a esposa do governador, Helena Witzel, o presidente nacional do PSC, pastor Everaldo, e outras nove pessoas.
Quem assina a denúncia é a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo. No documento ela ressalta que o grupo atuou “nos mesmos moldes existentes em relação às demais organizações criminosas que envolveram os últimos dois ex-governadores, na estruturação e divisão de tarefas em quatro núcleos básicos: econômico, administrativo, financeiro-operacional e político”, segundo o MPF.
A denúncia diz que o governador afastado é chefe da organização criminosa que tem três principais pilares, sendo o pastor Everaldo um dos líderes de um dos grupos. O grupo começou as atividades em 2017, ao cooptar o governador Witzel, que deixou a carreira de juiz federal para concorrer ao governo, tendo recebido quase R$ 1 milhão para isso, conforme apurado.
Conforme relatado, o núcleo político era composto pelo governador o pastor Everaldo, que é presidente nacional do PSC. Segundo denúncia, “Witzel teve participação ativa em todos os fatos delitivos narrados”, quando loteava os recursos públicos, recebia vantagem ilícita e lavava o dinheiro no escritório de advocacia da primeira-dama.
Um dos núcleos, o econômico, era formado por empresários e lobistas interessados em contratos públicos. Ele ofereciam vantagens indevidas a políticos e gestores. Já o núcleo administrado era integrado por gestores públicos do estado, que pediam e administravam as propinas – integravam esse grupo os ex-secretário Edmar Santos (delator) e Lucas Tristão, que estão entre os denunciados.
No núcleo financeiro estavam a primeira-dama do Rio, Nilo Francisco, Cláudio Marcelo e Kiko – eles recebiam e repassavam as vantagens indevidas, além de ocultar a origem dos valores (lavagem de dinheiro) utilizando, por exemplo, escritório de advocacia e empresas, algumas criadas especificamente com este fim.
A denúncia foi feita com base em provas colhidas nas operações Favorito, Placebo e Tris in Idem, além de colaboração premiada. Esta última operação foi deflagrada no dia 28 de agosto, e gerou o afastamento do governador pelo STJ.
Pelo Twitter, Witzel se manifestou dizendo que vazaram um processo sigiloso com o objetivo de atingi-lo. “Reafirmo minha idoneidade e desafio quem quer que seja a comprovar um centavo que não seja fruto do meu trabalho e compatível com a minha renda. Meu patrimônio se resume à minha casa, no Grajaú, não tendo qualquer sinal exterior de riqueza que minimamente possa corroborar com mais essa mentira. O único dinheiro ilícito encontrado, até agora, estava com o ex-secretário Edmar Santos”, escreveu.
Fonte: Por Sarah Teófilo/Correio Braziliense