Aline Massuca/ Metrópoles
Tatuador Marcelo Ramos prestou depoimento e fez um desabafo: “É foda pedir justiça, nunca muda. Vou até o fim”
Rio de Janeiro – “Não tenho mais medo da morte, porque sei que essa hora vai chegar e vou encontrar a minha mulher e meu filho.” O desabafo é do tatuador Marcelo Ramos Silva, de 26 anos, namorado de Kathlen Romeu, e pai do filho que a designer de 24 anos esperava. A jovem foi morta com um tiro de fuzil no tórax durante ação da PM no Complexo do Lins, na zona norte do Rio.
“Todos vão pagar. Não só os policiais que estavam na hora que dispararam contra ela, mas o comandante também, porque o policial que está lá não age sozinho. A gente tem que pedir justiça”, disse o tatuador, muito emocionado, após prestar depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital, na Barra da Tijuca, na zona oeste.
Nesta sexta-feira (11/6), a Polícia Militar confirmou o afastamento dos 12 militares que participaram da ação que resultou na morte de Kathlen, na última terça-feira (8/6). Além de nove pistolas, 12 fuzis foram apreendidos pela Delegacia de Homicídios da capital, com o objetivo de identificar se o tiro que atingiu a designer no tórax partiu de um deles.
Marcelo e outros parentes de Kathlen prestaram depoimento na delegacia, na manhã desta sexta-feira (11/6). Entre os depoentes, está a avó da jovem, Sayonara Fátima, que estava ao lado de Kathlen no momento da ação policial. Ela presenciou o momento em que a neta foi baleada numa suposta troca de tiros entre policiais militares e bandidos da região. A mãe, Jaqueline Oliveira, e o pai, Luciano Gonçalves, também testemunharam sobre o caso.
Com muitas lágrimas, Marcelo protestou e disse que não vai desistir antes de ver que a perda da namorada e do filho não foi em vão. O tatuador ressaltou que vai lutar para que o caso seja elucidado, com punição aos responsáveis.
“Ela era do bem. Perdeu a vida do modo que ninguém merece, ela e nosso filho. É foda pedir justiça, nunca muda. Mas, por ela, a gente tem que ter voz. Vou fazer tudo para ela não ser esquecida, até o último dia da minha vida”, completou.
Tiros de fuzil
Cinco dos 12 agentes que participaram da operação já foram ouvidos pela equipe de investigação. A corporação apreendeu 12 fuzis e 9 pistolas dos policiais que participaram da ação para saber se o tiro partiu de uma das armas.
O cabo Marcos Felipe da Silva Salviano admitiu, em depoimento na delegacia, ter disparado cinco vezes com o fuzil. Ele afirmou ainda que o cabo Friad atirou outras duas vezes, também com um fuzil.
Integrante da Unidade de Polícia Pacificadora, Salviano alegou que atirou porque viu quatro criminosos armados — um deles estaria com um fuzil, na versão do policial.
Fonte: Adriana Cruz/Metrópoles