Professor Ajosé Fontenele fez desabafo em vídeo publicado nas redes sociais — Foto: Arquivo Pessoal/Ajosé Fontenele
. Educador criticou que, mesmo com o agravamento da pandemia no estado, as escolas insistam no modelo com aulas presenciais, que põem em risco alunos e profissionais.
O professor de literatura e produção textual Ajosé Fontenele, que atua há mais de 25 anos em escolas de Teresina, fez um apelo, em vídeo divulgado na redes sociais (acima), para que os estabelecimentos da rede particular de ensino da capital suspendam as aulas presenciais e adotem apenas aulas remotas enquanto os casos da Covid-19 estiverem em alta.
O educador disse ao G1 que está em recuperação depois de 11 dias internado tratando da infecção pelo novo coronavírus. “Meu teste deu positivo no dia 16 de fevereiro. Fiquei isolado, com sintomas de febre, dores no corpo, tosse e falta de ar”, contou.
Ajosé relatou ainda que teve uma piora nos sintomas e resolveu ir ao médico. “No dia 28 de fevereiro, precisei ser internado e somente no dia 11 de março recebi alta”, afirmou. Após ter sentido na pele os efeitos da doença, o professor fez um apelo para que os colegas possam trabalhar de forma remota.
“Não estou pedindo para que as aulas sejam interrompidas. Quero é trabalhar, quero que meus colegas trabalhem, mas não conseguiremos se não respirarmos, se nós precisarmos de oxigênio”, disse.
“Eu rezo a deus para que não seja preciso que um colega de profissão faleça para que finalmente alguém entenda que essa doença não é de brincadeira. Sabem o que é tentar respirar e não conseguir? Nós professores e alunos estamos adoecendo”, completou o educador.
No vídeo o professor falou sobre os colegas de profissão que estão adoecendo e demonstrou preocupação com a alta mortalidade que a doença tem.
“Dezenas de amigos meus estão passando por isso porque os saudáveis não podem ficar em casa, trabalhando de forma remota. Ou vamos ficar nessa alternância? Um grupo adoece enquanto outro trabalha?”, questionou.
O educador ressaltou que a infecção não atinge a todos da mesma forma. “Eu sobrevivi graças a Deus e todos os meus colegas estão sobrevivendo, mas não é todo mundo que pode pagar um plano de saúde como eu, não é todo mundo que tem um organismo saudável como graças a Deus o meu estava”, desabafou.
Ajosé relatou que ainda precisa de mais um tempo para sua reabilitação total. Segundo ele, ainda serão necessários alguns exames para saber como está seu processo de recuperação.
Devido a decreto do governo do estado, escolas públicas e particulares do Piauí funcionaram de forma presencial apenas de segunda (15) a quarta-feira (17). O documento determinou que a partir da quinta-feira (17), até este domingo (21), somente serviços essenciais deveriam funcionar.
Ao G1, o Sindicato dos Professores e Auxiliares da Administração Escola do Piauí (Sinpro) afirmou que a suspensão das aulas presenciais de quinta e a sexta não é satisfatória para a categoria.
O Sinpro aguarda uma audiência com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Piauí (Sinepe-PI), intermediada pelo Ministério Público do Trabalho, para tentar chegar a um consenso sobre a situação.
Fonte: Por Júlia Albuquerque*, G1 PI