PEC da imunidade: após pressão, Lira recua e cria comissão especial

Fotos Igor Estrela/Metrópoles

Como a proposta já teve a admissibilidade no plenário da Casa, não será necessário passar Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)

Após pressão de diversos líderes partidários, o presidente da Câmara dos DeputadosArthur Lira (PP-AL), recuou e decidiu, nesta sexta-feira (26/2), criar uma comissão especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 03/21, apelidada da PEC da Impunidade, que cria novas regras para a imunidade e a prisão de parlamentares.

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Sem consenso, após cerca de 3 horas de discussão, o presidente da Câmara desistiu da tramitação relâmpago, anunciou a criação do colegiado e encerrou a sessão.

“Eu determino a criação de uma comissão especial, que os líderes façam a indicação dos seus membros até segunda-feira e essa comissão será instalada com o mesmo rigor e pressão da discussão que temas importantes nessa Casa mereçam ser tratados, principalmente este de garantias individuais não, mas do poder [Legislativo] de ter direito de ter voz e voto”, declarou Lira.

Maryanna Oliveira/Câmara dos Deputados

Como a PEC já teve a admissibilidade no plenário da Casa, não é necessário passar Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), visto que já houve o reconhecimento da constitucionalidade da matéria. Após a comissão especial, a proposta deverá ser aprovada em segundo turno na Câmara, antes de seguir para o Senado Federal.

A celeridade incomum imposta pelo presidente da Câmara foi alvo de críticas. Apresentada na terça-feira (23/2), a PEC teve a admissibilidade votada no plenário na quarta-feira (24/2) e já seria votado o mérito na quinta-feira (25/2), o que não ocorreu por causa das obstruções. Adiada para esta sexta-feira, também não houve coDiversos líderes, como Rodrigo de Castro (MG), do PSDB, Wolney Queiroz (PE), do PDT, José Guimarães (PT-CE), da Minoria, sugeriram ao presidente que a proposta fosse encaminhada à comissão especial. Durante a discussão, o 1° vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), reconheceu que enviar ao colegiado seria “o caminho mais prudente nesse momento”.

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“O processo democrático tem seus passos, não há que falar em vitoriosos e, muito menos em derrotados. Estamos cumprindo o rito da democracia”, disse a relatora, Margarete Coelho (PP-PI), reconhecendo que “o texto não ficou suficientemente maduro”.

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“Gostaria de dizer que ela [a PEC] trouxe avanços dentre os quais a possibilidade de deputados serem presos preventivamente, coisa que não é prevista em nosso ordenamento jurídico”, defendeu a relatora.

A proposta é uma reação ao caso do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ), preso após publicar vídeo com ofensas aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e apologia ao Ato Institucional n°5 (AI-5), que fechou o Congresso e cassou mandatos durante a ditadura militar.

Fonte: Marcelo MontaniniLuciana Lima/Metrópoles

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