Padre Robson Oliveira Pereira Afipe Associação Filhos do Pai Eterno Trindade Goiás — Foto: Reprodução/Instagram
Em uma das mensagens, o padre diz: ‘Se o senhor pudesse matar ele pra mim eu achava uma benção’. Áudios mostram envolvimento do padre em um possível esquema de lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos. Padre nega irregularidades.
Novos áudios encontrados no celular do padre Robson de Oliveira, que era investigado por desvio de dinheiro na Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), em Trindade, mostram quando o padre diz a um advogado que a morte de um dirigente da Afipe, envolvido em esquemas de suborno, seria conveniente a ele. Na mensagem, obtida com exclusividade pelo Fantástico, o padre diz: “Se o senhor pudesse matar ele pra mim eu achava uma benção”.
Em nota ao Fantástico, a defesa do Padre Robson disse que desconhece o conteúdo das mensagens e que elas são “frutos de montagens e adulterações feitas por pessoas inescrupulosas”. A nota disse ainda que o padre é vítima de extorsão e perseguição.
O G1 solicitou um posicionamento à Afipe e aguarda retorno.
Padre Robson era investigado na Operação Vendilhões. O processo que investiga as supostas irregularidades está interrompido pela Justiça. O Ministério Público já apresentou recurso no Superior Tribunal de Justiça, mas ele ainda não foi analisado.
Os áudios mostram a participação de Padre Robson em um possível esquema de lavagem de dinheiro, organização criminosa e outros delitos (ouça o podcast abaixo). Conforme a investigação, muitos dos áudios são de reuniões, que o padre costumava gravar secretamente.
Segundo os investigadores, todos os áudios exibidos neste domingo (21) passaram por perícia técnica, que comprovou serem mesmo do padre. Os áudios estavam em HDs, computadores e no celular do padre – material que foi apreendido em agosto de 2020, durante a operação do Ministério Público.
• Entenda a operação do MP
Segundo o Ministério Público de Goiás, crimes como lavagem de dinheiro, apropriação indébita e falsidade ideológica teriam sido cometidos nas “Afipes”, associações criadas pelo padre Robson e ligadas à igreja. Conforme os investigadores, o montante suspeito seria de R$ 2 bilhões movimentados em dez anos, incluindo fazendas, um avião e uma casa de praia. Os valores eram desviados das doações feitas por empresas e fiéis.
Ao Fantástico, o secretário de Segurança Pública de Goiás, Rodney Miranda, disse que vê motivos para retomar a investigação. Segundo ele, houve obstrução de Justiça, tráfico de influência, lavagem de dinheiro, e organização criminosa.
Impasse na Justiça
Em outubro, a Justiça tinha determinado que as investigações deveriam ser interrompidas por entender que não estavam presentes no processo os crimes apontados pelos promotores. No entanto, em 4 de dezembro, a decisão do presidente do Tribunal de Justiça de Goiás autorizou a retomada da apuração.
Dez dias depois, outra sentença, desta vez dada pelo desembargador do TJ-GO Leobino Chaves Valente, voltou a determinar o bloqueio do mesmo processo. Em 17 de dezembro, uma sentença do Superior Tribunal de Justiça reforçou a decisão do magistrado.
O Ministério Público chegou a denunciar o padre ou outras 17 pessoas por organização criminosa e lavagem de dinheiro. Os promotores de Justiça afirmam que o padre comandava uma organização criminosa e transferia grandes valores para empresas, com o objetivo de utilizar o dinheiro das entidades religiosas criadas por ele como seu, sem prestar contas nem se submeter às regras associativas.
Fonte: Por Danielle Oliveira, Ana Carolina Raimundi e Mahomed Saigg, G1