Padre Geraldo Gereon emite comunicado cancelando a missa de Santa Isabel.

Padre Geraldo Gereon idealizador e organizador da festa religiosa (Foto: João Batista/JB-Arquivo)

O religioso encaminhou o comunicado através de carta para várias paróquias e comunidades.

(Foto: João Batista/JB-Arquivo)

A festa de Santa Isabel da Húngria, a Santa das Obras da Caridade, celebrado a cada ano no dia 17 de novembro foi cancelado devido a pandemia da Covid 19.

(Foto: João Batista/JB-Arquivo)

O cancelamento do evento religioso está sendo comunicado pelo Padre Geraldo Gereon idealizador e organizador da missa festiva denominado Encontro da Caridade que é realizado no santuário que fica as margens da PI 245 na estrada que interliga os municípios de Simplício Mendes, Campinas do Piauí e Isaías Coelho próximo das margens do Rio Canindé.

(Foto: João Batista/JB-Arquivo)

A festa litúrgica de Isabel da Húngria reúne mais de 12 mil fiéis segundo estimativa da Polícia Militar.

(Foto: João Batista/JB-Arquivo)

Em 2019 a missa foi interrompida e encerrada no inicio da homilia feita pelo Bispo da Diocese de Oeiras Dom Edilson Soares Nobre, provocado por uma forte chuva, com ventania, trovões e relâmpagos ocasionando falta de energia elétrica.

Dom Edilson Soares Nobre (Foto: João Batista/JB-Arquivo)

Além da carta comunicado, o Padre Geraldo Gereon enviou para as Paróquias e Comunidades, duas orações: Maria da Pandemia e a oração de Bom Jesus da Lapa.

Padre Geraldo Gereon (Foto: João Batista/JB-Arquivo)

Leia na íntegra a carta do Padre Geraldo Gereon.

CARTA ÀS PARÓQUIAS COM AS SUAS COMUNIDADES, NA ÁREA DA

ROMARIA DE SANTA ISABEL – 2020

            Ao aproximar-se o mês de novembro voltamos a nossa atenção à grande romaria de Santa Isabel. A data da festa litúrgica de Santa Isabel, padroeira universal das obras da caridade, tornou-se, nos últimos anos, o que chamamos “o encontro da caridade”. A placa na entrada do terreno desta maior concentração de fiéis, fora das sedes das paróquias, nos desafia todo ano de novo: “Aqui queremos ensaiar a nossa opção preferencial pelos pobres.”

            Reunimo-nos anualmente nesta devoção a uma mulher que nasceu e viveu rica e tornou-se pobre ao lado dos pobres, pelos quais sacrificou os seus recursos, o seu conforto, seus privilégios e sua própria saúde. Não proclamamos a nossa devoção da boca para fora, nem procuramos algum atendimento milagroso. Desejamos converter-nos, sempre de novo, para a convicção que São Tiago, na sua carta transmitida pelo Novo Testamento, resume em apenas sete palavras, quando nos fala da “religião sem mancha”: “ASSISTIR ÓRFÃOS E VIÚVAS EM SUAS DIFICULDADES”. Três grandes cartazes no altar da celebração do ano passado mostraram a viúva idosa abraçada pelo Papa, o rosto triste da criança que perdeu a sua família e o seu sorriso alegre na guerra, e o índio brasileiro, que da sua terra salvou apenas a pintura do seu rosto. Aí o relâmpago, o trovão, e a chuva nos deixaram no escuro, poucos momentos apenas depois de serem proclamadas aquelas sete palavras curtas de São Tiago.

            Queremos aqui lembrar-nos, tocar-nos e partir para praticar estas palavras de São Tiago, anunciadas na segunda leitura naquela missa da romaria do ano passado – mais ainda: dispôr-nos a fazer o que São Tiago explica, sem muitas discussões: palavras curtas e claras, sete palavras apenas sobre a religião verdadeira: “Assistir  órfãos e viúvas em suas dificuldades”. Se tivéssemos perguntado: É só isso? – Deus e Santa Isabel teriam respondido: “É assim – não tem outro caminho – abram os olhos e vejam tantas “viúvas e órfãos” entre nós.”

            Portanto: Essas palavras, anunciadas naquela noite do dia 17 de novembro do ano passado, seguidas da tempestade, do apagão e da chuva torrencial – foram a melhor pregação que jamais foi feita neste dia da romaria. Sete curtas palavras de São Tiago, praticadas por Santa Isabel, desafiando a nós todos: bispo, padres e todo o povo presente. Nenhuma outra palavra nos foi dirigida naquela noite escura sem luz e sem som – todos nós molhados dos pés à cabeça – sem fala, com tanto susto – todos nós, nordestinos acostumados de pedir chuva, mas sem saber como pedir que a chuva pare. Nesta noite de Santa Isabel chegamos a dizer: Obrigado, Senhor – e voltamos felizes para as nossas casas.

            Novamente aproxima-se a data querida da nossa romaria: 17 de novembro. Neste ano, não será a natureza que nos deixa no escuro e molhados. É algo pior: A “Pandemia do corona-vírus”. Percebemos claramente: Não podemos nem pensar na romaria de Santa Isabel. Todos nós nos rendemos à conclusão: enquanto não aparece a vacina que nos deixa imunizados, o nosso único cuidado é: a máscara, limpeza permanente e nada de conglomeração. Vemos, neste tempo excepcional, as comunidades paroquiais comunicar-se apenas por internet, rádio e por escrito.     

Mas, mesmo cuidando dessa única segurança possível não estamos desligados uns dos outros, mas muito mais ainda, unidos pela caridade entre todos nós que seguimos os caminhos de Jesus.

            Por isso, quero dirigir a minha palavra fraterna a todos os irmãos e irmãs, que gostariam de ser “peregrinos”, como em todos os anos, mas não o podem ser. Sabemos com certeza: A nossa fé nos une, e Santa Isabel está perto de nós como sempre. Ela leva os nossos pedidos, as nossas angústias e preces ao coração de Jesus. E Jesus, no seu sacrifício na cruz, coloca a nós todos no coração misericordioso do Pai. Não podendo dizer à multidão: “Sejam todos bem-vindos”, eu quero dizer a todos e todas: Sejam todos acolhidos e guardados no coração de Santa Isabel, no coração amoroso de Jesus e no cuidado fiel do Pai no céu por todos os seus filhos e filhas.

            As minhas palavras, porém, não sejam apenas de recordação e saudação. Gostaria de fazer, nesta carta, um pedido – melhor ainda: um convite.

            A Pandemia, com as suas ameaças, suas limitações e seus incômodos, seja também um momento de uma prece fervorosa. Nas nossas maiores dificuldades gostamos de fazer promessas, às vezes bem pesadas. Porém, a nossa angústia e o nosso desespero nos levam a reforçar nossa prece, agora mesmo, com confiança filial e fé inabalável em Deus, nosso Pai bondoso. Com a ameaça permanente da Pandemia, não queremos esperar ser atendidos, para depois agradecer com um sacrifício pesado. Queremos assumir este sacrifício sem promessa condicionada à graça alcançada, ou seja: queremos reforçar o nosso pedido pelo sacrifício, livremente assumido e oferecido ao Pai no céu, como Jesus, que não fez nenhuma promessa, mas ofereceu o seu martírio na cruz para a vida dos irmãos.

            Um exemplo, entre outros, seja a subida ao morro do Bom Jesus, no interior desta paróquia de São Francisco de Assis. Acabamos de construir o que parecia impossível: esta subida de 115 degraus numa formação rochosa, no meio do mato, com um oratório do Bom Jesus no ponto mais alto, para implorar a graça de vencer a Pandemia e normalizar a vida da humanidade. Não podendo realizar a peregrinação de Santa Isabel, neste ano, oferecemos ao bom Deus a nossa oração, com este nosso pequeno sacrifício. Quando falta ar aos agonizantes da Pandemia, queremos chegar no topo deste morro faltando um pouco de ar, pelo esforço desta acentuada subida. Todos nós, na criatividade da nossa fé, poderemos oferecer um sacrifício da nossa escolha e disposição.

            Mandaremos para todas as comunidades da área da romaria de Santa Isabel um número de santinhos onde encontramos uma oração pelo fim feliz da Pandemia e ainda uma oração à “Maria da Pandemia”. Temos muita fé no coração misericordioso de Jesus e na intercessão de Santa Isabel para recuperar as condições normais do nosso povo e de todos os povos do mundo inteiro.

Com o meu abraço fraternal e as minhas orações por vocês todos.

Padre Geraldo Gereon.

Oração Maria da Pandemia.

Oração de Bom Jesus da Lapa.

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