Coordenador do GAECO, do MP-PI, Cláudio Soeiro, durante coletiva de imprensa da Operação Cerrados, em Teresina — Foto: Lucas Marreiros/g1
A prefeitura está sendo investigada por desvio de recursos por meio de contratos milionários firmados acima do valor de mercado. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta segunda (20) em endereços ligados ao prefeito.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Piauí (MP-PI), identificou o desvio de mais de R$ 100 mil em recursos públicos para empresários, familiares e gestores da Prefeitura de Uruçuí. O valor foi detectado durante a Operação Cerrados, que investigou desvios de recursos do município por meio de contratos milionários firmados pela administração pública municipal com uma empresa.
Em nota, o prefeito de Uruçuí confirmou o cumprimento de mandados de busca e apreensão no município. Contudo, o gestor disse não ter tido acesso à decisão e que não recebeu informações sobre a operação. Veja a nota ao fim da reportagem.
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Operação Cerrados: polícia investiga desvios de recursos da Prefeitura de Uruçuí
O coordenador do Gaeco, Cláudio Soeiro, informou que o procurador da empresa investigada chegou a sacar mais de R$ 4 milhões, em espécie, entre 2017 e 2020, período em que foram verificadas as transações financeiras suspeitas.
“Há informação de transações de saque na boca do caixa que chegam ao montante de R$ 2 milhões e 360 mil em um banco e em outra instituição financeira a quantia chegou a R$ 1 milhão e 700 mil, nesse período”, afirmou o promotor de Justiça.
Cláudio Soeiro acredita que parte desses valores passados pela prefeitura para a empresa foram repassados para gestores e/ou servidores. “Com o afastamento do sigilo bancário descobrimos dinheiro público utilizado para pagar a empresa, retornando para a mão de empresários, familiares e gestores”, disse.
Mandados cumpridos
Operação Cerrados cumpriu mandados de busca em apreensão em Uruçuí e outras cidades do Piauí e Maranhão — Foto: Divulgação/MP-PI
Nesta segunda-feira (20), foram cumpridos mandados de busca e apreensão para coletar possíveis provas de crimes, como desvio de recursos públicos, organização criminosa, lavagem de dinheiro, fraude à licitação, peculato, corrupção ativa e corrupção passiva.
As ordens judiciais, emitidas pela 2ª Câmara Especializada Criminal do Tribunal de Justiça do Piauí, foram cumpridas em endereços ligados ao prefeito da cidade, outros políticos e pessoas ligadas a eles. Servidores públicos, empresas e seus sócios-proprietários também são investigados.
Os endereços estão localizados em Uruçuí e Teresina, além de Timon e Balsas, no Maranhão. Foram apreendidos celulares, computadores, dinheiro e documentos da empresa relacionados ao município de Uruçuí.
“Agora vamos aprofundar a investigação para descobrir de fato qual o valor que foi desviado de Uruçuí, porque a empresa possuí contratos com diversos municípios do Piauí e do Maranhão. Ou seja, recebe recursos públicos dos dois estados. Então a gente precisa separar isso e focar em Uruçuí para saber qual o dano que o município sofreu”, explicou o coordenador do Gaeco.
Equipe do Gaeco durante cumprimento de mandado de busca e apreensão da Operação Cerrados — Foto: Divulgação/MP-PI
A operação é do Ministério Público do Piauí (MP-PI), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), em conjunto com a Polícia Civil (PC-PI), a Polícia Militar (PM-PI) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE-PI).
Participaram diretamente da execução da operação Promotores de Justiça do Estado do Piauí, Delegados e Agentes da Polícia Civil, equipes da Polícia Militar, servidores do Ministério Público Estadual e auditores do TCE-PI, além do Gaeco do Maranhão.
Nota do prefeito
O prefeito dr. Wagner Coelho esclarece que até o momento não recebeu nenhuma informação sobre a Operação Cerrados e confirma que houve na manhã desta segunda-feira (20) cumprimento de mandados de busca e apreensão no município, todavia não teve acesso à decisão.
Fonte: Por Lucas Marreiros, g1 PI