Foto: Divulgação/TSE
O cargo de prefeito não motivou a disputa eleitoral em quatro municípios do Piauí. Um levantamento feito pelo Cidadeverde.com encontrou apenas um candidato concorrendo ao pleito de 2020 nas cidades de Caridade, Jurema, Santo Inácio e Simões. Em todo o país são 106 municípios nesta situação em 17 estados.
Em Caridade, cidade localizada a 447 km ao Sul de Teresina, os 4.451 eleitores terão apenas uma opção de voto. Disputa a reeleição, o prefeito Antoniel de Sousa Silva, o Toninho de Caridade, do PSD.
No município de Jurema, uma mulher disputa o poder municipal. É Kaylanne da Silva Oliveira, do MDB. Em 2016 ela ficou em 2º lugar na disputa pela prefeitura.
Já em Santo Inácio, os eleitores irão ver na urna apenas o nome do atual prefeito Tairo Moura Mesquita, do Republicanos, que disputa reeleição. O mesmo acontece em Simões com José Wilson de Carvalho, do Progressistas, o Zé Ulisses, atualmente gestor da cidade.
Foto: Prefeitura de Caridade
Em Caridade, o prefeito vai disputar a reeleição sem concorrente.
Nestes casos, segundo o mestre e doutor em Direito Público e advogado eleitoralista, Alexandre Nogueira, o candidato só perde a eleição se ele não tiver um único voto.
“O TSE já decidiu que não é necessário ter a maioria dos votos, basta que ele tenha a maioria dos votos válidos e, desta forma, exclui-se para fins de contabilidade dos votos, os votos brancos e nulos”, explica.
Segundo ele, só precisaria ter a maioria dos votos quando eles são anulados ou são tornados nulos por ilícitos eleitorais, o que não é o caso.
“Quando é uma manifestação apolítica do eleitor não entra essa regra da necessidade de ter a maioria dos votos. Ele precisa ter a maioria dos votos válidos e todos os votos válidos são aqueles que não são brancos, nem nulos. Se o candidato tiver somente o voto dele, ele pode ser eleito”, afirma.
O advogado alerta que, mesmo sendo candidato único, é importante que ele trabalhe na campanha eleitoral para atingir a maior quantidade de votos possível.
“É importante que os candidatos busquem a maioria de votos para que o seu mandato tenha legitimidade popular, já que pode acontecer, no caso de uma rejeição popular ao mandato, a pressão em torno, por exemplo, do poder legislativo para que esse mandato seja extremamente fiscalizado. Em um eventual caso de cometimento de qualquer ilícito político-administrativo, o prefeito pode vir a perder o mandato, não necessariamente pela justiça eleitoral, mas sim também pelo poder legislativo. É importante que trabalhe para que tenha a maioria dos votos possível”, destaca Alexandre Nogueira.
Foto: Google Maps
Em Simões, o atual prefeito disputa a reeleição sem adversários.
Arranjo político
Para o cientista político Cleber de Deus, as candidaturas únicas muitas vezes são resultado de arranjos políticos dos grupos que dominam a região.
“A gente pode interpretar isso da seguinte forma: há descrença sim das pessoas para participarem do processo eleitoral e político. Isso é um dado muito forte e existe, mas nessas cidades o que na verdade ocorre é um arranjo político, onde um grupo é muito forte e termina na verdade aglutinando em torno de uma única candidatura os grupos políticos da cidade, não deixando margem para a oposição”, afirma.
De acordo com Cléber, a prática não é saudável para o processo democrático. “É uma reaglutinação muito hegemônica que domina aquela cidade, interfere diretamente e aniquila a oposição. É um domínio quase incontrastável do poder político e para a democracia parece que não é muito bom”, finaliza.
Por conta da pandemia, as eleições este ano vão acontecer no dia 15 de novembro. A propaganda eleitoral na TV e rádio começa no dia 9 de outubro e vai até 13 de novembro.
Fonte: Hérlon Moraes
herlonmoraes@cidadeverde.com