(Foto: Carolina Antunes/PR)
O Palácio do Planalto dava como certo o arquivamento do processo contra o presidente Jair Bolsonaro, acusado pelo ex-juiz Sergio Moro de interferência na Polícia Federal, mas, com o escândalo envolvendo o diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem, o jogo virou a favor do ex-ministro da Justiça.
Não por acaso, Moro pediu ao Supremo Tribunal Federal cópias dos relatórios que teriam sido feitos pela Abin, a mando de Ramagem, para auxiliar a defesa do senador Flávio Bolsonaro no caso das rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O ex-juiz quer novo depoimento de Ramagem dentro do processo envolvendo a PF.
Mais do que isso, Moro pretende agregar as investigações sobre o uso da Abin pelo filho 01 do presidente da República — a ministra Cámen Lúcia, do STF, determinou a abertura de inquérito — no processo conduzido pelo ministro Alexandre de Morais, que estendeu por mais 90 dias as investigações sobre possíveis interferências de Bolsonaro na Polícia Federal.
Como se sabe, Bolsonaro queria nomear Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal, o que foi recusado pelo então ministro da Justiça. Ele saiu do governo atirando contra Bolsonaro, que disse não ver nada de mais nomear alguém que lhe daria informações privilegiadas sobre investigações conduzidas pela corporação.
Naquele momento, Bolsonaro já sabia que três de seus filhos — além de Flávio, o deputado Eduardo Bolsonaro e o vereador Carlos Bolsonaro — estavam na mira da Polícia Federal, assim como apoiadores do governo. Vários deles , por sinal, já foram pegos pelo Supremo Tribunal Federal.
Diante do temor de que todas as investigações se cruzem — a que apura suposta interferência na PF e a que trata de relatórios da Abin —, o presidente Bolsonaro está enlouquecido. Nesta sexta-feira (18/12), ele incitou policiais militares a partirem para cima da imprensa. Como se isso suprimissem todas as suspeitas que pesam sobre a família dele.
Fonte: Por Vicente Nunes/Correio Braziliense