Caboclo tentou regular até roupas e amizades de funcionária da CBF que o acusa de assédio

Rogério Caboclo — Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Segundo denúncia, dirigente expôs a própria esposa em conversas; ele nega as acusações

O presidente da CBF, Rogério Caboclo, foi acusado formalmente por uma funcionária de assédio sexual e assédio moral. Segundo a denúncia, o dirigente quis regular até as roupas e as amizades dela.

Em nota enviada ao ge, a defesa de Rogério Caboclo afirmou que “ele nunca cometeu nenhum tipo de assédio. E vai provar isso na investigação da Comissão de Ética da CBF”.

Essa tentativa teria ocorrido em março de 2021, no dia seguinte a uma reunião na casa do dirigente em São Paulo, na qual ele teria cometido graves ataques contra a funcionária – primeiro a chamou de “cadelinha”, depois ofereceu a ela biscoitos de seu próprio cachorro e, por último, como ela o repreendeu, passou a simular latidos, imitando um animal.

A funcionária que apresentou a denúncia – e que terá seu nome preservado – também falou à reportagem:

– Tenho passado por um momento muito difícil nos últimos dias. Inclusive com tratamento médico. De fato, hoje apresentei uma denúncia ao Comitê de Ética do Futebol Brasileiro e à Diretoria de Governança e Conformidade, para que medidas administrativas sejam tomadas – disse a funcionária.

Um dia depois dos insultos na casa do cartola, a funcionária confrontou Caboclo e deixou claro para ele que nunca tinha se sentido tão humilhada e tão ridicularizada. O dirigente então disse que não se intrometeria mais na vida pessoal dela, mas exigiu que ela não tivesse mais nenhuma relação pessoal ou de amizade ou com ninguém da CBF.

Nesta mesma conversa, o dirigente teria afirmado para a funcionária que as roupas de trabalho dela não eram compatíveis com a função – o que foi compreendido por ela como uma demonstração de misoginia. Rogério Caboclo, de acordo com a denúncia, teria então exigido que ela mudasse a maneira de se vestir, e afirmado que providenciaria até o dinheiro para a compra de novas roupas.

Uma semana depois, sempre de acordo com a denúncia feita ao Conselho de Ética da CBF, ocorreu outro episódio de assédio. Ao final do dia de trabalho, Caboclo chamou a funcionária para conversar no jardim de inverno da sala da presidência da CBF.

O dirigente teria oferecido bebida alcoólica para a funcionária, e pedido a ela para que tirasse a máscara de proteção contra a covid-19. Ela recusou a bebida e se recusou a tirar a máscara, pois havia tido contato com pessoas que tinham testado positivo.

Assustada com o comportamento de Rogério Caboclo, ela enviou mensagens para dois diretores da CBF, com um pedido expresso para fossem ajudá-la. Um não estava mais no prédio da entidade, mas o outro atendeu o pedido, foi até lá e engatou uma conversa com o presidente – enquanto ela deixava a sala.

Minutos depois, segundo a denúncia, o diretor foi dispensado e a funcionária foi novamente chamada à sala do presidente. Rogério Caboclo então teria iniciado uma conversa sobre relacionamentos afetivos do passado da funcionária.

Ante a recusa dela em falar sobre o assunto, o presidente da CBF passou então a falar da própria intimidade, e citou até sua esposa de forma desrespeitosa. A funcionária que acusou Rogério Caboclo de assédio sexual e moral fez questão de não entrar em detalhes na denúncia. Mas foi nesse momento da conversa que a funcionária deixou a sala, transtornada.

Considerada de perfil discreto e reservado, a funcionária está na CBF desde 2012. Foi contratada para trabalhar na recepção e depois promovida para o setor de cerimonial. Tida como extremamente profissional, é querida entre colegas, presidentes de federações estaduais e parceiros da entidade que circulam com frequência pelo prédio. Desde que se licenciou, tem ficado reclusa e se limitado a falar com seus advogados e familiares.

A denúncia de assédio sexual e moral contra Rogério Caboclo foi apresentada no momento em que dirigente vive sua mais grave crise no comando da entidade – em várias frentes. O cartola tem sido criticado por trazer a Copa América ao Brasil num momento crítico da pandemia do coronavírus. Sua relação com o técnico Tite e com os jogadores da seleção brasileira também se deteriorou na última semana.

Após a revelação das acusações, diversos dirigentes de federações, de clubes e da própria CBF passaram a afirmar – de maneira reservada, sem se identificar – que esperam a renúncia de Rogério Caboclo.

Fonte: Por Gabriela Moreira e Martín Fernandez — Ge Rio de Janeiro

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